sábado, 5 de julho de 2014

Viagem truncada - História

Na primeira viagem para as vendas de livros e uniformes,  passei por um sufoco.

Eu troquei minha Belina Del Rey por uma Kombi três dias antes da viajem; só que averiguei que essa estava com problemas na barra de direção.

Antes de viajar fui a dois mecânicos, mas não conseguiram arrumar. Um deles inclusive falou que provavelmente a mesma sofrera um impacto muito grande, ficando assim com sua dirigibilidade comprometida.

Não tendo alternativa, pois tinha entregado a propaganda informando a data em que estaria na cidade; carreguei-a com livros e uniformes e segui viagem para Laranjeiras do Sul e posteriormente para Francisco Beltrão, que fica a 505 quilômetros de Curitiba.

No começo da viagem, já notei que seria uma viagem com muitas dificuldades e bem vagarosa, pois quando comecei a trafegar no Contorno Sul, não conseguia mantê-la em linha reta, pois quando ela puxava para a direita, eu tinha que corrigi-la no volante para a esquerda e logo em seguida corrigi-la novamente para  a direita e assim sucessivamente.

Tinha que estar com atenção redobrada, pois a cada instante não sabia para que lado ela puxaria; para a esquerda ou para a direita.

Quando chegava aos 60 km/h não tinha condições de controlá-la, então tive que enfrentar a rodovia que na sua maior parte é de pista simples, na velocidade de uma tartaruga.

Antes de chegar a Campo Largo, parei no acostamento e pensei em desistir da viagem, pois essa seria muito perigosa; mas como estava desempregado e as dívidas se avolumavam, essa seria a única chance de ganhar uns trocados na temporada de vendas que é de dezembro à fevereiro.

Coloquei os livros que são mais pesados mais para frente para que a Kombi tivesse um pouco mais de estabilidade, mas não adiantou muita coisa.

O Floramil meu irmão, se arriscou e pegou carona até Guarapuava, indo posteriormente de ônibus para Pato Branco.  

Na rodovia muitos caminhões e automóveis quando se aproximavam da Kombi, começavam a dar sinal de luz, para que aumentasse a velocidade ou praticamente saísse da frente.

Se eu saísse para o acostamento a cada vez que alguém quisesse ultrapassar-me, nunca chegaria ao destino.  Assim muitos quando me alcançavam, tinham que esperar até ter chance de me ultrapassar e muitos ao fazê-lo buzinavam.

Depois de Guarapuava quando eu estava só, o ônibus para Pato Branco onde estava o Floramil também me ultrapassou; eu olhei pelo retrovisor e notei que um caminhão Mercedes Bens, baú se aproximava rapidamente e bem antes de me alcançar, insistentemente dava sinal de luz  para que “saísse da frente”  e eu já cansado daquele movimento rítmico no volante; direita, esquerda, direita, esquerda a 60 Km/h continuei no meu caminho.

Quando o caminhão finalmente me ultrapassou, o motorista praticamente deu-me uma fechada, deixando a carroceria quase em cima da Kombi ao mesmo tempo em que acionou a buzina a ar, dando-me um tremendo susto.

Eu que já estava tenso, vi que era um caminhão que transportava papéis higiênicos e na carroceria do mesmo, vi escrita àquela famosa interrogação, “Como estou dirigindo?”, com o número do telefone da empresa. Já irritado, pensei: “Vou entregar este cara!”  Mentalmente anotei o número do caminhão e continuei no meu caminho, sendo que o caminhão desapareceu na minha frente.

Uma hora após, quando eu estava quase chegando em Laranjeiras do Sul, onde na serra tem uma subida muito extensa; eis que vi ao longe na terceira pista vários caminhões subindo lentamente e um me chamou atenção, pois transparecia ser “meu colega de estrada”.  Pisei fundo no acelerador, consequentemente acelerando mais o meu movimento de braço; direita, esquerda, direita, esquerda e assim sucessivamente, até alcançar o caminhão.

Alcançando-o certifiquei que era o mesmo caminhão e ao ultrapassá-lo meti a mão na buzina, sendo que o caminheiro também retribuiu “a gentileza”.
Como a subida era longa, distanciei-me um pouco e quando cheguei à entrada para Laranjeiras do Sul, esperei o caminhão apontar na outra subida e aliviado como um pistoleiro que assopra a arma depois de um duelo, entrei na cidade.

Após vender livros e uniformes naquela cidade, tentei consertar a Kombi em uma oficina da região para ir até Francisco Beltrão, mas não consegui.  Assim tive que viajar até lá e posteriormente voltar para Curitiba, sendo que quando já estava quase chegando, pois já havia passado por Campo Largo quase me acidentei com a Kombi quase vazia, pois chovia e para corrigi-la virei muito rápido para a direita e após para a esquerda, sendo que foram várias guinadas para os dois lados até centraliza-la novamente, sendo que tive que usar as duas pistas por um bom tempo. Se tivesse freado fatalmente capotaria.  

Em nossa capital, depois de ir a algumas oficinas, levei em um mecânico que finalmente arrumou. Curioso que esse mecânico tinha oficina dois terrenos ao lado de minha casa.

Às vezes “rodamos o mundo” atrás de alguma coisa longe, sendo que essa está praticamente debaixo de nossos olhos.

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