Futebol - História

Eu gostaria de ser bom de bola, mas infelizmente ela  não é minha amiga. Aos 11 anos comecei a torcer pelo Coritiba, sendo que sou um torcedor moderado e não  fanático. Sempre que posso acompanho os jogos pela televisão ou rádio.

Algumas vezes fui ao estádio acompanhar meu time, mas alguns jogos foram inesquecíveis.

A primeira vez que fui ao estádio foi em um Atlé-tiba em 1971. Naquela ocasião desceu de helicóptero uma miss de biquíni, que pousou ao lado dos jogadores para a foto. O jogo terminou em 1x1.

Outra vez fui com meu amigo Zeca, mas ambos não tínhamos dinheiro para a entrada. Os dois anéis superiores da frente do estádio Couto Pereira estavam em construção. Naquele jogo muita gente conseguiu entrar sem pagar. Inclusive eu e o Zeca que pulamos um muro alto e driblamos os seguranças, que corriam de um lado para outro com um “palanque” na mão. Nem me lembro com quem o coxa jogou, se ganhou ou perdeu nesse dia. 

Só lembro que entramos sem pagar.

Em outra ocasião, com vontade de assistir o jogo de dentro do campo, no intervalo vi que dois garotos pularam o alambrado e também pulei. E como quem não quer nada, fiquei entre os repórteres perto do gol esperando os jogadores entrarem no campo. Só que eu e os outros dois meninos fomos abordados por seguranças, que nos retiraram novamente pelo túnel onde sobem os jogadores e tivemos que assistir o segundo tempo das arquibancadas mesmo.

Outro jogo inesquecível foi  Coritiba x Santos, onde o Santos ganhou de 2 x 1, gols de Pelé e Edu para o Santos e Zé Roberto para o Coritiba.  

Também outro jogo que marcou e fui ao estádio junto com colegas do banco, foi em maio de 1980 quando o Coritiba jogou com o Botafogo.

Naquela ocasião, para passar para semifinal, o Coritiba teria que vencer e torcer para que o Santos não vencesse o Bahia em plena Vila Belmiro.  O Santos vencia o Bahia até que esse empatou quando estava quase terminando o jogo.

Só havia um problema:  O Coritiba “metralhava”  a meta do time carioca, mas não conseguia marcar... até que aos 45’ do segundo tempo  Gardel,  defensor alvi-verde estufou as redes adversárias.  Foi uma explosão de alegria no estádio.

Indo para a semifinal o Coritiba enfrentou o Flamengo  e novamente fui ao estádio. Conforme as estatísticas, naquela noite o Couto Pereira teve o maior público de sua história. Na ocasião o Coritiba perdeu para o Flamengo de 2x0, dois gols de Zico.

Achei estranho quando no meio da multidão, já ia descer as escadarias e um homem que estava uns degraus acima gritou:  - “Estão indo para o inferno?”

Ao chegar às escadas, vi que estavam cheio de papéis queimando e tive que pular os degraus.

Na partida de volta que foi no Maracanã, o coxa teria que ganhar de três gols de diferença. Chegou fazer dois e perdeu de fazer o terceiro.  O flamengo reagiu e virou para 4x3, sendo campeão naquele ano.

Em 1974 a Seleção Brasileira de Futebol veio a Curitiba para jogar com a seleção paranaense de Futebol. Naquela ocasião a torcida se levantava quando o ponteiro direito do Coritiba entortava o lateral esquerdo da seleção. 
O juiz teve que dar uma mãozinha para que a seleção brasileira ganhasse da seleção paranaense e o placar foi de 1x0.  A torcida paranaense ficou revoltada e começou a jogar objetos no gramado. Inclusive o jogador Dirceu que era do Coritiba e estava servindo a seleção brasileira, com gestos pedia para que a torcida não jogasse mais objetos no gramado.

Outro jogo também que não esqueço, foi um  jogo entre o Corinthians e Coritiba em 1971. Foi em uma noite de inverno e eu e meu irmão havíamos desobedecido e iríamos apanhar de nosso pai. Estávamos lá fora no frio e com medo de entrar em casa. Até que nossa mãe abriu a porta e fomos devagarzinho para a cama. Liguei um radinho a pilha e ouvi que o coxa já perdia de 2x0 e não havia transcorrido nem metade do primeiro tempo.  

Desliguei o radinho e dormi. No outro dia li nos jornais da virada para 3x2; gols de  Leocádio, Tião Abatiá e Paquito. Naquele jogo, no time do Corinthians jogou o famoso Rivelino da seleção tricampeã e também Aladim que no outro ano veio jogar no Coritiba.

O primeiro jogo do campeonato brasileiro de 1972 foi Coritiba x Palmeiras. O poderoso Palmeiras tinha sido o campeão no ano anterior e em seu elenco faziam parte vários jogadores da seleção brasileira, tais como: Leão, Luis Pereira, Ademir da Guia e Leivinha.

No dia do jogo choveu muito e quando parecia que o jogo terminaria em 0x0 teve uma falta para o Coritiba.  Eu já estava quase saindo do estádio, quando a bola foi levantada para a área e o argentino Dreyer, subiu mais que os zagueiros e  de cabeça fez explodir a galera coxa-branca.

Outro jogo que ficou na lembrança foi em outubro de 1972. Naquele tempo eu estava me recuperando no Pronto Socorro do Cajurú, pois havia sido atropelado e fiquei um mês e dois dias no hospital. Inclusive seis deles em estado de coma.

Naquele tempo os jogos de domingo eram à tarde, mas a transmissão pelos canais de televisão só era efetuada à noite.

Eu saí da cama e fui me arrastando até outra enfermaria onde um interno tinha uma pequena televisão, para assistir Coritiba x América RJ.

Chovia muito e até parecia futebol aquático. O Coritiba estava perdendo de dois, até que virou para 3x2;  só que após uma falta um jogador do América ficou caído em campo e um jogador do coxa chutou a bola para lateral, para que o atleta fosse atendido. Na reposição o jogador do América não devolveu a bola; saiu jogando e empataram o jogo apesar do protesto dos jogadores alvi-verde.

Mas a consagração maior foi em 1985, quando o coxa foi campeão brasileiro. Naquela noite eu fui à casa da noiva, mas saí bem antes do horário habitual, para assistir o jogo na casa de meus pais junto com os irmãos e alguns colegas.

Naquele ano fui apenas uma vez ao estádio, quando o Coritiba ganhou do Corinthians de 1x0 e o jogador Lela fez careta para a torcida em comemoração com o gol que marcou. Durante a partida, o centroavante Casagrande do Corinthians foi expulso por dar uma cotovelada em um jogador coxa-branca.

Outro jogo que marcou, foi em novembro de 2007 quando o Coritiba foi campeão da série B.

Naquele jogo o Coritiba dependia só de si, pois enfrentou o Santa Cruz em Recife e com uma vitória simples seria campeão independente de outros resultados. Com um empate ou derrota perderia o título para o Ipatinga, pois esse time estava dois pontos atrás; mas se vencesse na última rodada e o coxa empatasse ganharia pelo saldo de gols.

No primeiro tempo a torcida coxa já comemorava, pois aos 33 minutos o zagueiro Henrique subiu mais que a zaga e fez 1x0.

Mas no segundo tempo as coisas começaram a se complicar, pois aos 13 minutos o atacante Nildo do Santa Cruz tomou do goleiro coxa após esse ter dominado a bola e completou para o gol. O juiz não deu falta e validou o gol, deixando os jogadores do Coritiba nervosos.

Para complicar aos 36 minutos do segundo tempo Max do Santa Cruz virou o jogo e o Coritiba no momento estava com um jogador a menos, pois foram expulsos Jéci e Túlio do Coritiba e Nildo do Santa Cruz.    

A torcida do Ipatinga já comemorava o título, pois seu time havia ganho de 5x2 e o Coritiba teria que fazer dois gols em 12 minutos, sendo que os jogadores permaneceram em campo esperando o encerramento do jogo do Coritiba, para comemorar o título.

Mas aos 42 minutos, Keirrisson empatou de cabeça para o Coritiba e aos 47 minutos; já na prorrogação, após um zagueiro do Santa Cruz ter salvo a bola em cima da linha, no rebote o atacante Henrique Dias do Coritiba, mesmo caído mandou a bola para o fundo das redes, dando assim o título da série B daquele ano para o time paranaense.

A decepção maior foi em 1989 quando o Coritiba foi injustamente rebaixado para a série B, pelo então presidente da CBF.

Naquele ano o Coritiba perdeu um mando de campo e teria que jogar com o Santos na cidade de Juiz de Fora, mas o presidente da  CBF marcou o jogo antes do jogo Vasco da Gama e Sport Recife, que tinham interesse direto no resultado.

A diretoria do Coritiba conseguiu uma liminar na justiça para que os jogos fossem no mesmo horário, mas a CBF conseguiu cassar a liminar, beneficiando assim os outros clubes.

Revoltados a diretoria resolveu que o time do Coritiba não iria até Juiz de Fora, perdendo o jogo por Wx0, e em uma roubalheira e arbitrariedade excluíram o Coritiba do futebol nacional, voltando para a série A apenas em 1996.

A Federação Paranaense nunca teve um presidente forte que lutasse pelos interesses dos times paranaenses. Sempre em confronto com outras federações, os times paranaenses levaram a pior.  Em 1985 o Coritiba e em 2001 o Atlético foram campeões, sendo que tiveram que vencer não só os outros times, mas também alguns árbitros e cartolas.