sábado, 5 de julho de 2014

Triunfos em Juazeiro - História

(Este é outro relato do Pastor Pita escrito em seu livro – “Por que mudei de Exército”)

Fiz boas relações com um jovem barbeiro, membro da igreja Assembleia de Deus, por nome Ernestino Pereira.

Quando lhe disse ser um adventista do sétimo dia, o rapaz ficou muito admirado e falou comigo:

- Lamento que o senhor, um homem tão direito, tenha aceitado uma religião tão ruim e má como os sabatistas!

- O senhor tem algo melhor para me oferecer que os que ensinam os adventistas? Perguntei-lhe.

- Sim, temos – foi a resposta.

Combinei com ele para estudar comigo, ensinando-me só na Bíblia todas as doutrinas dos pentecostais e eu falaria todos os dias sobre o que a Palavra ensina sobre as doutrinas do advento.

Tudo acertado. O moço não resistiu uma semana, no sábado já estava conosco na escola sabatina, trazendo também a noiva. Começamos a engrossar as fileiras. Na minha pregação nas ruas e praças, uma família de crentes interessou e veio para o grupo com oito pessoas; tratava-se do irmão Julio e família.

O quadro era animador e a doçura de ganhar almas para Cristo nos dava muita coragem. Pregar nas praças uma doutrina não muito popular é temerário. Sofri muitos insultos e certo dia um crente de outra denominação tentou me esbofetear e até hoje não sei quem lhe deteve o braço já armado para desfechar um soco no meu rosto. “O anjo do Senhor, acampa-se ao redor dos que O temem e os livra,”  Salmos 34:7. É a única explicação por não ter sofrido a agressão.

Uma “Profetiza”  em nosso meio – Um dia, trocava ideias com o irmão Ernestino, acertando a decisão que tomara em deixar os pentecostais. Ele falou-me:

- Irmão, se nós ganhássemos a nossa profetisa, a irmã Ana Gonçalves, teríamos conosco toda a congregação. É mulher cristã, de dotes proféticos e é mais consultada pelos crentes que o próprio pastor.

Ernestino mal acaba de falar, entra pela porta adentro uma senhora de seus quarenta anos, passos firmes, olhar sereno, um riso largo, fala mansa, traje pobre, porém bem talhado.

Primeiro estende a mão para mim na forma sertaneja de saudar e em seguida diz para Ernestino somente “a paz do Senhor, irmão”.   

O barbeiro fez a apresentação:

- Este é um amigo, irmã Ana, ele é sabatista!

- Coitado! Como um homem desse vai ser logo sabatista? Um homem com cara de gente sabida!

- A senhora acha que a religião dos sabatistas é uma religião ruim? – perguntei.

- Pelo que sei e o que ouço os sabatistas nem religião tem, não acreditam em Cristo e só leem o velho testamento e creem em Moisés.

Notei que tudo quanto ela sabia acerca dos adventistas era negativo e estava como antes estivera o irmão Ernestino, muito mal informada a nosso respeito.

“Proponde pois, em vossos corações não premeditar como haveis de responder; porque Eu vos darei boca e sabedoria  a que não poderão resistir nem contradizer todos quantos se vos opuserem.” S.Lucas 21:14 e 15. Só do trono de graça poderia ter saído uma resposta tão sábia como a que dei àquela alma sincera, simples e mal informada. Respondi:

- Pelo que a senhora está falando, noto que gostou de minha pessoa e não da religião que sigo. Irmã Ana, me ajude. Prometo à senhora que o que me apresentar dentro da Bíblia, eu aceito e a prezada irmã me tira do “buraco” onde acha que estou metido. Faça isso, vá sábado pela manhã a nossa casa e lá assista a uma reunião nossa; após o almoço a senhora nos fala da Bíblia. 
     
Tudo acertado, combinado, horário marcado com a recomendação de cada um orar pelo sucesso no encontro do sábado.

Aqueles que vão a campos missionários não devem confiar muito no poder intelectual, antes dar u’a mão ao céu e outra ao ser humano carente de amor e graça.

Essa entrevista foi na barbearia do irmão Ernestino, local onde se juntavam muitos crentes de várias denominações. Se eu tivesse tentado ali uma explicação ou estudo, talvez tivesse posto a caçada fora. Em nossa residência o negócio seria outro e logo feito o contrato, mudei de assunto religioso para uma conversa amistosa, aonde vim a saber que a dona Ana tinha uma filha e era todo o parentesco que possuía na terra.

Logo que saímos dali. Deus começou a moldar aquela pedra preciosa.

Chegou o tão esperado sábado, 25 de maio de 1946. Para nossa alegria a senhora foi pontual, e tinha que ser assim com uma profetisa da Assembleia de Deus, que iria tirar das “trevas” um colportor adventista, um “sabatista”.   

Cecília, minha esposa, dirigiu a escola sabatina, Maria José passou a lição  e eu fiz o sermão. Dona Ana assistiu a tudo. Todas as reuniões foram iniciadas invocando o santo nome do Mestre. O sermão versou sobre Sua breve volta e não poderia ser outro.

Após o culto, a “igreja” tornou-se em sala de refeições. Toda a família tomou parte e também dona Ana e o Ernestino; tínhamos interesse em ambos. À tarde, nos reunimos na sala e iniciou-se o estudo que chamarei de estudo “digital”, pela função os dedos da mão, os quais resolveram a embaraçosa questão.

Abri a palestra com a oração e uma interrogação;

- Irmã Ana, diga o que há de errado na fé adventista?

Ela começou:

- O que vi aqui na reunião de vocês está tudo certo e muito bem feito em nome de Jesus, o que não está certo é vocês guardarem o sábado, nós devemos guardar é o sétimo dia da semana, é o dia que Deus mandou guardar isto sim; quem guarda outro dia está pecando.

Ganhar almas é um trabalho do céu. É maior sabedoria que Deus concede ao mortal, por isso diz: “O que ganha almas sábio é.” Prov. 11:30

Teria eu travado uma polêmica sem fim se não tivesse feito nova interrogação:

- Qual, acha a senhora, é o sétimo dia da semana?
 
Ela não abriu a Bíblia e contou assim nos dedos; pôs a mão esquerda espalmada para cima, e com o indicador da direita sobre o mínimo, contou deste jeito: - segunda, terça, quarta, quinta, sexta – a sexta deu no polegar e voltou ao mínimo e o domingo caiu em cima do anular.

Com ar de triunfo disse:

- Veja, o domingo é o sétimo dia.

Bem se ela não usou a Bíblia, era meu papel não usá-la por enquanto; recorri a uma tática para fazê-la entender qual dos sete dias da semana era o sétimo dia. Imaginei uma indagação mais:

- A senhora pode dizer que sua filha que é a única e primeira é a segunda?

- Isto não; eu só tenho uma filha!
 
- Como pode chamar segunda-feira de primeiro? - interroguei.

Aí contei nos meus dedos imitando-a nos gestos e no método, tal qual ela fez, só que comecei pelo domingo e o sétimo dia caiu no sábado.

Nossa criatura pareceu ter acordado de um sono. Disse:

- Assim é que é certo. – Baixou a vista por um instante e num gesto de reprovação arrematou: - Eu não gosto de mentiras.

- Quem mentiu para a senhora?

- Foi o pastor Manoel Francisco, da minha igreja. Eu disse que vinha falar com o senhor e ele me ensinou a fazer esta contagem que acabei de fazer, com os dedos – respondeu ela.

- Diga-me mais, por que ele não leu a Bíblia para a senhora?

- Ele não sabe ler – respondeu.


Abrimos o Sagrado Livro e falamos de suas verdades, desconhecidas para a Sra. Ana Gonçalves, que as bebeu a largos sorvos.

Terminamos a palestra com uma linda confissão da boca da nossa interlocutora:

- Eu não fico em lugar que tem mentiras – e continuou: - Tenho estado desconfiada, também, com o espírito que recebemos. Depois daquela palestra que tivemos na barbearia do irmão Ernestino, encontrei-me com uma mulher, dirigente de um centro espírita, aqui na cidade, que me perguntou a qual igreja eu pertencia. Eu respondi. Ela me abraçou e falou assim: “Nosso espírito-guia é o mesmo de vocês. Tivemos dificuldades com uma jovem cheia de demônios e invocamos o nosso guia, ele demorou a chegar e chegou zangado, dizendo que estava na sua igreja batizando o povo com o espírito e não queria ser incomodado.”      

Ana Gonçalves olhou-me de alto a baixo e disse:

- O meu dia de repouso será o sétimo dia como manda a Bíblia.

O irmão Ernestino que assistia a tudo calado quebrou o silêncio, me estendendo um convite para dirigir uma pregação em sua igreja, que era a mesma igreja pentecostal na quarta-feira. Disse ele:

- O Pastor viajou e eu seria o pregador.

Aceitei o chamado.

Não precisamos dizer que foi grande o contentamento de termos conseguido com a ajuda de Cristo e em resposta a fervorosas orações, trazer para o meio adventista uma “profetisa”.

Quem me levantou do solo? – Fiz algumas visitas a nossa irmã Ana e ao Ernestino, durante a semana. Na quarta-feira estava na congregação da referida igreja.

Era o dia 29 de junho de 1946. Ao entrar, havia gritos horríveis! Gritos a voz solta a toda a força do pulmão, rogando pelo batismo.
 
Lembrei-me bem, dos profetas de Baal a quem Elias aconselhara gritar mais alto (I Reis 12:28).

Depois da apresentação e cumprimentos, tomei o livro, abri-o em Ezequiel 7:6 e 7: “Vem o fim, o fim vem, despertou-se contra ti; eis que vem. Vem a tua sentença, ó habitante da terra. Vem o tempo: chegado é o dia da turbação; e não há alegria sobre os montes.”

Ao terminar a sagrada leitura, descansei o livro sobre o púlpito. Aí a congregação soltou um estrondoso grito, quase a um tempo só. Alguns mais exaltados clamavam em pé e sacudiam os braços gritando: Glória a Deus, Aleluia, Aleluia!

Comigo aconteceu o que jamais esperava; um frio intenso, como se eu tivesse sido metido num tanque de água gelada, tomou conta de todo o meu corpo. Senti meus cabelos se ouriçarem e uma força magnética ia me levantando ao ar. Tentei pegar a Bíblia, eu estava tão alto que não podia alcança-la. Pude bem dizer três vezes: “Meu Jesus, meu Jesus, meu Jesus.” Passou o frio, fui arreado lentamente, alcancei a Bíblia. Reiniciei a oratória e a calma voltou ao auditório e o salão ficou num silêncio como nos cultos adventistas.

Não fora o resultado positivo deste culto, eu diria que fui imprudente entrando no “terreiro de Satanás”. O resultado agora foi maravilhoso, vinte e dois pentecostais se uniram à congregação adventista. A sala da nossa casa tornou-se pequena. A irmã Ana tornou-se uma excelente obreira voluntária, animando os companheiros na nova fé.

Alugamos um salão no alagadiço e minha esposa passou a ser a pregadora na minha ausência, visto que o trabalho da colportagem terminara em Juazeiro e Petrolina.  

Outro acontecimento importante se deu por essa época. Apareceu em Juazeiro o irmão João Propício da Silva. Fora colportor, homem espiritualmente nobre. Bom orador, vida correta; uniu-se ao grupo e durante vinte anos foi coluna forte da igreja de Juazeiro. Dorme no Senhor, para acordar na manhã da ressurreição.

Éramos agora quarenta e cinco membros da escola sabatina, Maria José foi uma ajudadora, os irmãos vindos das congregações pentecostais eram missionários e calorosos. Essas vinte e duas almas que vieram dos pentecostais, fora as que dormem na sepultura, todas estão na igreja. Nenhuma apostatou até o dia de hoje, 30 anos depois. 

Um comentário:

  1. CRISTO VEM PREPARA-TE!

    LUCAS 21:25 e 26 – E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas. Homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto as virtudes do céu serão abaladas.
    LUCAS 21:11 – E haverá em vários lugares grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu.
    II TIMÓTEO 3:1 a 4 – Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
    Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.

    MATEUS 24:14 – E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.
    APOCALIPSE 1:7 – “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o transpassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre Ele.”
    ISAÍAS 25:8 e 9 – Tragará a morte para sempre, e, assim, enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os rostos, e tirará de toda a terra o opróbrio do seu povo, porque o Senhor falou.
    Naquele dia, se dirá: Eis que este é o nosso Deus, em quem esperávamos, e Ele nos salvará; este é o Senhor, a quem aguardávamos; na sua salvação exultaremos e nos alegraremos.

    APOCALIPSE 6:12 a 17 E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue;
    E as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte.
    E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares.
    E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas;
    E diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro;
    Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir.

    JOÃO 14:23 – Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar.
    E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.

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