sábado, 5 de julho de 2014

Santana dos Brejos - História

Retirado do livro por que mudei de Exército.

(Hoje Santana) – Assim diz Deus, o Criador dos céus dos céus: 

“Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não torna, mas rega a terra, e a faz produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da Minha boca; ela não voltará para Mim vazia, antes fará o que Me apraz e prosperará naquilo para que a enviei.”   Isaías 55:10 e 11 Jamais foi tão acentuado o cumprimento desta profecia de Isaías como foi na narração deste relatório cristão, do poder do nosso Deus, operado por meio de Sua palavra, unicamente por ela.

Por isso, diz o apóstolo dos gentios: “Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes e penetra até a divisão da alma e do espírito e das juntas e medulas e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.”

O pastor Pita escreveu nos parágrafos abaixo sua conversa com Pedro José Macedo perguntando sobre sua conversão.

- Irmão, em que ano aceitou o evangelho e quem lhe deu a mensagem adventista?

A resposta de Pedro José Macedo foi longa, porém, nunca enfadonha, é daquelas coisas que ouvimos e gostamos e podemos ouvir a cada momento, e quanto mais a ouvimos, mais fortalece nossa fé num amoroso Pai. 

Com a palavra, Pedro José Macedo:

- Foi em 1908. Eu era um católico romano, praticante. Assistia à missa ajoelhado do princípio até o fim e comumente me ajoelhava ao entrar na igreja e nesta posição andava até o altar. Fazia isto procurando agradar a Deus para ser salvo. Naquele ano, eu morava em Santana dos Brejos, e um homem estranho, que não era daquela região, procurou-me em nossa casa para me vender uma Bíblia.

Rejeitei a compra, visto o livro não ser aprovado pela Igreja. Não tinha o IMPRIMATUR como eu tinha aprendido, quando fora sacristão, acerca dos livros religiosos que devíamos ler.
 
Dias depois o moço apareceu em casa com um embrulho e pediu: “Senhor Pedro, guarde este pequeno volume... se daqui a seis meses eu não parecer para reclamá-lo, será seu.”

Quando guardava o pequeno embrulho, entendi tratar-se de um livro ou coisa parecida. O embrulho ficou intacto até o dia em que sofri um grande corte de machado no pé, que me levou à cama onde passei três meses sem sair à rua e sem andar, menos dentro de casa. Aí me lembrei do embrulho. Abri-o, estava certo, era um livro, a Bíblia.

Como não podia andar, dediquei-me à leitura e fui devorando capítulo por capítulo. Quanto mais lia, mais apreciava. Ora o antigo testamento, ora o novo. Não demorei muito, deparei-me com a lei de Deus. Fiquei atrapalhado e triste quando dei de olhos no sétimo dia como o sábado do Senhor. Duvidei da veracidade do livro. Até disse para mim mesmo: “É por isso que a igreja não quer que se leia estes livros sem aprovação.” À noite, não dormi bem. Não tinha paz, desejei jogar fora o Livro.

Até que me veio um pensamento que me trouxe paz à alma: Eu iria conferir a minha Bíblia com a do padre, tão logo pudesse andar. Continuei me aprofundando na leitura.

Deus operou um milagre no dia em que pude andar. Fui à residência do prelado, ele não estava, saíra a uma desobriga (viagem do padre). Falei e li minha Bíblia para a governanta do padre. Ela me disse; “Aqui está a Bíblia do reverendo, iremos abrir as duas.”

Por sorte a nossa Bíblia era de Figueiredo e também o era a do vigário. Eu não sabia se ria ou chorava; um misto de tristeza por ver um grave erro na igreja que eu tanto amava e alegria por ter descoberto uma verdade desconhecida para mim.

A lei dos dez mandamentos na minha Bíblia era igualzinha, palavra por palavra, à do sacerdote. Assim estava o mandamento do sábado: “Lembra-te de santificar o dia de sábado”. Trabalharás seis dias, e farás neles tudo o que tens para fazer; o sétimo dia, porém é o sábado do Senhor teu Deus, não farás nesse dia obra alguma, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu escravo, nem tua escrava, nem o teu animal, nem o peregrino que vive das tuas portas para dentro.

“Porque o Senhor fez em seis dias o céu e a terra e o mar e tudo o que neles há, e descansou ao sétimo dia, por isso o Senhor abençoou o dia sétimo e o santificou.” Êxodo 20:8-11, copiado na íntegra de uma tradução de Figueiredo de 1930.

Deixei a casa paroquial, não sabia se ia andando ou voando. Sei que estava fora de mim, pelo impacto que tive com o confronto das duas Bíblias.

No dia seguinte quem me procurou foi a moça, empregada do vigário. Estava mais perturbada do que eu. Chorava copiosamente e disse: “Pedro, o que será de nós, Deus manda fazer uma coisa e nós fazemos outra; eu estava tão certa que ia alcançar a salvação e agora tenho dúvidas. Pedro, você leu que as imagens em quem confiávamos não são nada mais que uma profanação a Deus?”
 
Ficamos certos de que iríamos pedir ao padre uma explicação, tão logo regressasse da “desobriga”.

Ela continuou investigando a Bíblia do padre, eu lia a nossa, vários capítulos, todos os dias. No novo testamento me impressionei com uma passagem que ficou na memória: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então chegará fim.” S.Mateus 24:14

Enquanto o vigário não aparecia, eu lia a Bíblia para os amigos. Muitos ficaram maravilhados.

Na verdade diz a serva do Senhor: “É certo que há verdadeiros cristãos na comunhão católico-romana”. Milhares na dita igreja estão servindo a Deus segundo a melhor luz que possuem. Não se lhes permite acesso a Sua palavra e, portanto não distinguem a verdade. Nunca viram o contraste de um verdadeiro culto prestado de coração e um conjunto de meras formas e cerimônias.

“Deus olha para essas almas com compadecida ternura, educadas como são em uma fé que é ilusória e não satisfaz. Fará com que raios de luz penetrem as densas trevas que as cercam. Revelar-lhes-á a verdade como é em Jesus e muitas ainda se unirão ao Seu povo.” –  Conflito dos Séculos, pág. 613

Pedro continua:

- Nossas reuniões eram frequentadas pela gente boa da cidade., o farmacêutico; seu pai, Sebastião Laranjeira; um boiadeiro de nome Antonio da Venda e um agricultor de nome João Monteiro. O pior estava para acontecer com a chegada do vigário. Esperávamos uma coisa e veio outra tão diferente.

Sabe o que esperávamos?  Esperávamos ser os primeiros observadores do sábado e ver com o nosso exemplo uma igreja católica observando o sétimo dia da semana em todo o mundo. Eu pensava ainda; isto vinha em resposta dos sacrifícios que tinha feito, ouvindo missas ajoelhado.

Estava enganado! Tudo negativo, tudo ao contrário... Com a chegada do reverendo, quando falamos da verdade, ele pediu-me a Bíblia para queimá-la ou eu seria amaldiçoado. Não entreguei a Bíblia; aceitei a maldição do padre a ser amaldiçoado por Deus, consentindo em queimar a Sua palavra santa.
A moça foi expulsa do cargo de governanta. Nós éramos mais de vinte pessoas a guardar o sábado do Senhor. O vigário desfechou sobre nós tremenda perseguição por palavras e atos. Éramos tidos como um grupo de fanáticos, eu como chefe deles. Não ficou nisso, escreveu ao governador do estado pedindo uma força policial para combater um grupo de fanáticos perigosos que ameaçavam atacar a santa igreja.

O governador atendeu o pedido e mandou uma força sob o comando de um oficial.

- Fui chamado pelo policial para responder pelo meu crime e de meus amigos, o crime de ler a Bíblia. O oficial era bondoso e cortês. Li para ele a esperança da palavra do Senhor e mostrei-lhe a nossa convicção em observar o sábado do sétimo dia, O oficial riu para mim bondosamente e com um gesto paternal disse: “Sabe você o que você é? Você é adventista do sétimo dia. É um povo religioso, guardadores do sábado e esperam a Volta de Cristo. Estive fazendo um curso no Rio de Janeiro e assisti a umas conferências deles, quando lá estava. Aqui tenho o endereço dos adventistas no Rio de Janeiro.”

Agradecemos a Deus pela ajuda que nos deu o próprio padre, com intenção de nos prender e nos arruinar, veio o livramento.

Reinava no pequeno grupo uma gloriosa esperança. Não éramos os únicos observadores do sábado no mundo, como pensávamos.

O comandante nos entregou alguns folhetos, todos com endereços dos adventistas no Brasil. Entramos em contato com eles por meio de cartas e nos mandaram literatura confortadora e instrutiva e uma promessa de no futuro recebermos a visita de um obreiro. Nosso grupo crescia desassombradamente, sob o poder de Deus...               

          

Nenhum comentário:

Postar um comentário