sábado, 5 de julho de 2014

Bahia de novo - História

Negociei com o secretário do colégio para que saísse de férias à partir de 01/09/2012; só que na quarta-feira  dia 08/08, soube que no dia seguinte meu  sobrinho viajaria novamente para Bahia, pois levaria livros para as cidades de Castro Alves e Filadélfia e eu não poderia perder mais essa chance.

À tarde conversei novamente com o secretário, solicitando a antecipação para que minhas férias começassem no dia seguinte, mas para facilitar as coisas conversei com outra funcionária, para que ela entregasse o leite das crianças no meu lugar.

O secretário disse que provavelmente daria certo, mas teria que falar primeiro com  a diretora.  Como até a tarde ele não deu a resposta, à noite liguei para a diretora, expliquei meus planos e essa concedeu a antecipação.

Na tarde daquele dia, liguei para a Ivone esposa do Nivaldo, que é o irmão que trabalha com assistência social, verificando da possibilidade dele arrumar alguns mantimentos, para que distribuíssemos para as pessoas carentes daquela região, pois devido à longa estiagem estão passando sérias dificuldades.  

Ela disse que estava muito em cima da hora, mas separaria alguma coisa, sendo que à noite liguei e falei com o irmão Nivaldo e ele disse que só teria açúcar.

No outro dia cedo madruguei e comecei a fazer as malas para a viagem. Eu e minha esposa, separamos também alguns mantimentos e roupas para serem entregues; mas para nossa surpresa, bem cedo o irmão Nivaldo passou em nossa casa e disse-me que tinha uma grande quantidade de alimentos e também alguns brinquedos que entregaria em duas igrejas para a assistência social, mas que eu fosse buscar em sua casa, que para as igrejas ele arrumaria na próxima semana.

Fui com o meu uno e trouxe duas cargas, sendo que deu muito trabalho para eu e minha esposa separarmos, pois a maioria dos pacotes estavam furados e assim tivemos que fechá-los e colocar em outras sacolas.

Quando o Emerson chegou, notamos que o furgão já estava bem lotado e assim ficou ainda alguma coisa para ser levado na próxima viagem; mas os alimentos e roupas que eram mais essenciais foram acomodados.

Saímos de casa exatamente às 13h30m, sendo que no começo do contorno leste depois de abastecermos, praticamente as 14 horas começamos a viagem, tendo o Emerson na direção.

Ali pelas 21 horas, um pouco depois da capital de São Paulo, já na Fernão Dias, assumi a direção, sendo que dirigi até 1 hora da madrugada e paramos em um posto para dormir um pouco; mas como o furgão estava bem lotado, inclusive levamos também a bicicleta do cliente, que pediu para deixarmos em sua casa em Feira de Santana, ficamos em uma situação desconfortável, ficando impossível dormir.

O Emerson até dormiu um pouco encolhido no banco, mas eu só cochilei uns 15 minutos, pois estava sentado na poltrona do motorista e era difícil dormir, pois a todo o momento entrava algum carreteiro no posto para passar a noite.

Diante da situação, às 3h20m resolvemos continuar a viagem, pois esperávamos assim passar o sábado na igreja em Irajuba BA, onde na outra vez em que fomos, entregamos um pouco de mantimentos para o Sr. Rosildo, sendo que dirigi até o amanhecer do dia, passando em seguida para o Emerson já quase em Belo Horizonte.

A partir de Belo Horizonte o trânsito ficou mais complicado, pois as rodovias não são duplicadas e enquanto o Emerson dirigia, eu tentava dormir um pouco encolhido, mas não conseguia prender o cinto de segurança e assim dormi menos de uma hora.

Durante a viagem, tanto na ida como na volta, não paramos para tomar o desjejum ou almoçar, só parávamos de vez em quando para “tirar água do joelho”.
 
No começo da tarde, assumi a direção novamente levando o furgão até chegar à BR 116, quase na divisa dos estados de Minas Gerais e Bahia, quando já declinava o dia. O Emerson dirigiu até a divisa da Bahia e como estávamos cansados, dormimos em uma pousada, sendo que recomeçamos a viagem às 5h30m do dia seguinte. 
 
Viajamos um pouco no sábado, pois desejávamos passar esse dia com os irmãos na igreja em Irajuba BA, só que devido ao trânsito intenso, chegamos somente as 9h40m, mas fomos recebidos com alegria, principalmente pelo Bernardo, Rosildo e respectivas famílias e após o culto fomos agraciados com um delicioso almoço, pois naquele dia na referida igreja, fizeram um almoço comunitário.

Após o almoço, passamos momentos felizes trocando experiências com os irmãos locais e com três motoristas de carretas que também estavam longe de casa. É tão bom em saber que em qualquer lugar do mundo em que estivermos, com certeza  encontraremos  irmãos que professam a mesma fé e se reúnem todos os sábados.

Bem à tarde, fizemos o culto de por do sol na casa do irmão Rosildo, sendo que após, todos ajudaram a descarregar os alimentos, roupas e brinquedos, para que as irmãs distribuíssem para as pessoas carentes; ao mesmo tempo em que o Emerson entregou um pequeno envelope lacrado para esse senhor e nem ele sabia o que tinha dentro, pois esse havia sido entregue por um jovem da Igreja Adventista do Itamarati (Danilo), para ajudar a família. Como os irmãos ficaram curiosos, ele abriu e derramou lágrimas quando viu que no envelope havia duas notas de R$ 50,00.
 
À noite fomos pousar no posto irmão caminhoneiro, posto em que trabalha o Bernardo e ali ficamos também no domingo, pois a primeira entrega era em Castro Alves que distava apenas 50 quilômetros do local.

Na noite do domingo com a ajuda de um funcionário do posto que também é adventista, fomos até a cidade de Itatim BA, onde eu dirigi a palavra na igreja local.

A igreja é pequena com apenas 25 membros, mas são fervorosos e praticamente todos estavam presentes.

Agradeceram a nossa presença e pediram que na próxima viagem os visitassem novamente.
 
Na manhã seguinte, fomos até Castro Alves e após a entrega, de imediato seguimos para Filadélfia, onde no começo da tarde entregamos os livros, ficando apenas a bicicleta no furgão e como a referida cidade ficava apenas a 29 quilômetros de Senhor do Bonfim, o Emerson resolveu visitar sua tia e primos. 

Conforme informação, naquele lugar já não chovia há quatro meses, sendo que devido ao racionamento a água é disponibilizada apenas a cada três dias e a represa que abastece a cidade estava com apenas 10% de seu potencial.

Após Feira de Santana, vimos rios e açudes secos, sendo que quanto mais seguíamos para o noroeste, mais grave era a situação. Em Capim Grosso, Filadélfia e Senhor do Bonfim, nas chácaras era difícil ver o verde; pois a maioria dos campos virou areia, sendo que nas cidades e rodovia era fácil enxergar caminhões pipa.
 
O Emerson telefonou para o empresário para entregar a bicicleta e após começar a viagem de retorno; mas esse queria que ele lhe entregasse na manhã do dia seguinte e lhe informou também que teria algumas caixas de livros para trazer para Curitiba novamente.

O Emerson disse-lhe que desse jeito atrasaria a viagem em um dia e solicitou que se fosse possível, iria entregar a bicicleta e carregar os livros naquela noite mesmo. O empresário mandou um rapaz nos esperar em determinado lugar, para posteriormente nos levar até onde estavam os livros, sendo que essas “algumas caixas”  eram 32 caixas pesadas, que tivemos que desce-las através de uma escada no escuro, para após acomodá-las no furgão. Tivemos que carregar sozinhos, pois o rapaz não teve coragem nem de iluminar a escada, pois devido o sobrado estar em construção, ainda não tinha energia elétrica. 

No dia seguinte nos revezando na direção, começamos a viagem de retorno, sendo que após pousarmos em um posto de gasolina em Betim MG, recomeçamos novamente a viagem e eu dirigi até perto da capital de São Paulo e o Emerson trouxe o furgão até a capital paranaense. 



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