sábado, 5 de julho de 2014

O Karateca - História

Nos primeiros anos da década de 80 quando eu trabalhava no Bamerindus, resolvi com alguns colegas do banco, fazer condicionamento físico na Praça Oswaldo Cruz, após o expediente.

Do banco em que trabalhava até a praça eu pegava carona de moto com o Nadir, que no tempo de criança às vezes era meu companheiro no trajeto da escola para casa e coincidentemente agora trabalhávamos no mesmo banco e no mesmo setor.

Era uma hora de atividades físicas acompanhada por um professor.

Depois de algum tempo, resolvi assistir um torneio de karatê, onde outro colega do banco participou. Eu gostei e resolvi treinar também, pensando aliar o condicionamento físico com defesa pessoal.

No primeiro dia de aula, o professor já me olhou com cara feia, visto que na concentração quando todos estavam em posição e em silêncio, ouvi um barulho externo e me deu acesso de riso.

Passadas algumas semanas de treinamentos, levei a primeira surra do professor.  Dentro da academia era proibido dar golpes com as mãos e pés acima do pescoço, então eu não estava acostumado a defender o rosto.

Quando o professor chamou-me para o centro do tablado para lutar com ele, objetivando corrigir-me nos pontos onde eu estava falhando, verificou que eu estava com a guarda baixa e deu-me um tapa na orelha. Eu não pensei duas vezes e quase que automaticamente lhe devolvi o tapa na orelha.

Ele não esperava por essa e deu-me uma série de golpes tanto no rosto, como no peito e abdômen.

Era só eu me levantar do chão para cair novamente. Por três vezes caí em pequenos bancos ao lado, onde tinham outras pessoas assistindo.

Eu apanhei, mas ficou mais feio para o professor, por que também não estava alerta.

Naquela academia fiquei praticamente um ano, indo até a faixa vermelha. Eu não tinha medo dos confrontos, só saí porque minhas pernas estavam meio entrevadas e não tinha aberturas suficientes. O professor era estúpido, pois os alunos quando faziam aberturas se esforçavam o máximo e assim mesmo ele passava rasteira, sendo passível até de distensão nos músculos da perna.

Às vezes em treinamentos, o professor fazia um círculo dando numero para cada integrante e colocava um aluno no centro e fazia-o lutar com todos chamando-os por números salteados. Dependendo da faixa, fazia-o lutar com dois ou três de uma vez.

O que estava no meio sempre levava bordoadas, pois enquanto lutava com um, o professor chamava outro numero e esse já chegava dando-lhe pancadas e vinha de qualquer direção.  

Certa vez quando eu tinha mudado para a faixa amarela, em confronto com um garçom do banco que entrara a pouco tempo na academia, esse me virou as costas e eu em uma atitude anti-desportiva, dei-lhe um pontapé no traseiro.

Quando o professor veio em minha direção, pensei: “Estou lascado!”  Mas ele também deu outro pontapé no traseiro do garçom, ao mesmo tempo em que gritou: Nunca vire as costas para o adversário!”



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