sábado, 5 de julho de 2014

Fabricando Refri - História

Em 1970 quando os alunos iriam entrar em férias, na festa de despedida cada rapaz da classe deveria levar um refrigerante e as moças doces e salgados.

Eu como era pobre (ainda sou), levei apenas uma sacola plástica, para se possível trazer bolo para casa.

Tudo preparado para a festa.  As carteiras foram colocadas nos cantos da sala. Havia também uma velha radiola com disco de vinil com músicas clássicas.

Eu já estava com água na boca enquanto via os refrigerantes, doces e salgados postos sobre a mesa; até que entrou na sala o vice-secretário, informando para que todos subissem ao auditório no andar superior, onde o diretor falaria umas palavras de despedidas, após todos os alunos voltariam para a festa em suas respectivas classes.

Eu falei para o Jairo que era o meu melhor colega: “Porque iremos subir para ouvir conversa mole? Vamos ficar na classe?”

De acordo, nos escondemos debaixo das carteiras, enquanto a turma saía da classe.

Aí aconteceu o que não esperávamos!  Trancaram a porta com a chave. As janelas eram basculantes e com grades por fora.

Meu colega, já meio nervoso perguntou: E agora?... o que vamos fazer?  

Respondi: - Vamos comer... já que vão nos pegar, que nos peguem de barriga cheia!

Começamos a comer um pouquinho daqui, um pouquinho dali, mas quando  demos por conta, para um bom observador, já poderia ver os pratos desfalcados e principalmente os refrigerantes que já estavam praticamente com quase meio palmo abaixo do nível.

Ficamos com medo, e resolvemos enchê-las novamente com “água”...
Obs. (Esta parte é quase história, pois não havia torneiras dentro da sala de aula).

Na mente juvenil, aquela parecia à única saída para não sermos descobertos. E ficamos mais temerosos ainda com a possibilidade de sermos expulsos, visto que o filho do diretor estudava na mesma classe.

Devido ao nervosismo deu vontade em meu colega de ir ao banheiro, para fazer outra necessidade fisiológica.  A solução foi o pacote de plástico que após enchê-lo, jogou no gramado pelo vão da janela; mas consequentemente ficou aquele fedor na sala de aula.

Naquele tempo o colégio situava-se na zona rural, então não havia ruídos externos de automóveis ou outro barulho qualquer. Ouvia-se apenas o gorjeio dos pássaros e a voz longínqua do diretor no auditório; fato que aumentava mais o medo e a ansiedade.   

De repente, ouvimos som de passos que se aproximavam pelo corredor... nos escondemos rapidamente debaixo das carteiras e ficamos tremendo de medo.  Era o vice-secretário que abriu a porta, respirou aquele ar nem tanto puro, ligou a radiola e ficou a ouvir uma música clássica.

Ele não chegou a ver-nos debaixo das carteiras e também não mexeu em nada do que estava sobre a mesa, até que tocou o telefone na secretaria e ele saiu correndo para atender, deixando atrás de si; o disco de vinil rodando e “aleluia”... deixou a porta aberta.

Escapamos de fininha pela saída das meninas, pulamos um muro alto e voltamos a pé para casa. Nem quisemos saber como transcorreu a festa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário