Salto das Sete Quedas - Pau de arara - História

Em 1982, no último final de semana em que foi permitida a visitação no Parque das Sete Quedas, reunimos uns amigos e fomos até lá para darmos o último adeus, àquela que foi considerada uma das maiores quedas em volume de água do mundo.  A caminhonete C14 era movida a gás; não o gás natural veicular e sim o gás de cozinha mesmo.   Então fizemos um tremendo sacrifício para que fosse possível a viagem, pois gastamos três botijões para ida e volta. Considerando que atualmente o botijão está R$ 45,00 gastamos R$135,00 e como fomos em 14 pessoas deu R$ 9,60 para cada um. Saímos ao anoitecer de Curitiba e no começo da madrugada tivemos que parar um pouco depois de Guarapuava, para que o motorista achasse um lugar para compra do gás. A viagem foi desconfortável, pois foram em quatro na cabine e dez na carroceria espremidos entre as bagagens e ainda dois botijões de gás. Lembro-me que na viagem o Sérgio que estava no lado oposto da carroceria, dormiu sentado com as pernas esticadas, assim tive que viajar sentado no assoalho com as pernas encolhidas, ficando com o traseiro amortecido. Chegando em Guaíra, conseguimos acolhimento na Escola Adventista e bem cedo fomos ao parque para a visita. O parque parecia um formigueiro, com milhares de pessoas conversando ao mesmo tempo, até  parecia que queriam abafar o estrondo das  águas revoltas. Em todas as pontes sobre as corredeiras, enfrentamos filas e era controlado o número de pessoas em cada passagem. Esse procedimento era necessário porque meses antes pelo excesso de pessoas, um cabo de aço se rompeu, levando aproximadamente 30 pessoas para o abismo.   O parque estava repleto de carros e ônibus de praticamente todos estados brasileiros, isso sem contar com ônibus paraguaios, uruguaios, argentinos, bolivianos, etc. Ao anoitecer regressamos para o colégio e pernoitamos em duas salas de aulas. No dia seguinte, após visitarmos outros pontos turísticos, começamos o retorno para Curitiba.   Antes de chegarmos a um posto fiscal, o motorista pediu para que todos ficássemos quietos, para que não o abordassem. Mas não teve jeito mesmo, depois da policial vistoriar os documentos e pedir para abrir o toldo da carroceria, não parava de sair pessoas do mesmo.  Até parecia que o motorista estava fazendo contrabando de bugres. Inclusive alguns colegas brincando, começaram a abrir as malas, mostrando meias, cuecas e outras roupas sujas, para demonstrar que estávamos apenas a passeio e não contrabandeando. Ela até riu da situação e deu um desconto, pois afinal era a última oportunidade que tivemos para ver as Sete Quedas. Se ela viu os botijões de gás, talvez pensasse que era para fazer comida para a cambada. Devido o motorista vir por outro caminho, todos dormimos sentados na carroceria em Califórnia PR e chegamos no outro dia pelas 10h. Eu fui direto ao Bamerindus para trabalhar, e no que cheguei expliquei para o chefe e comecei a trabalhar. Só que antes do meio-dia não conseguia permanecer com os olhos abertos.  Esse foi um passeio inesquecível.