Em abril de 2013,
ainda gozando a licença prêmio, resolvi ir de ônibus até a referida colônia e
voltar caminhando até a chácara que era minha e de meu irmão, para queimar
colesterol e também matar as saudades. Fui até a rodoviária de São José dos
Pinhais e às 7hs embarquei no ônibus que me levou até a colônia.
O trajeto é meio longo e o motorista tem que correr muito pelas estradas que a maior parte é de saibro, para cumprir o horário. Conforme informações, eles tem que fazer todo o trajeto em uma hora apenas. Se o passageiro não se segurar firme é lançado do banco em que está sentado.
Dessa vez só encontrei o caçula; ele já está com 11 anos e que na época era nenê.
A casa em que vivem já está meio vazia, pois dos cinco irmãos; quatro já não ficam constantemente em casa. Os dois mais velhos já são casados; a filha que está com 16 anos, trabalha em um escritório em São José dos Pinhais e o rapaz de 14 anos, em uma granja na Fazenda Rio Grande e só vão para casa dos pais nos finais de semana.
Após descer do ônibus, vagarosamente comecei a andar pelo mesmo caminho em que de ônibus viera. Fui tirando fotos de chácaras bonitas, das duas igrejas e também do caminho, para mostrar para meus pais que por cinco anos moraram na região e sentem saudades do local. De novidade, vi a nova igreja de descendentes de ucraínos que está em fase final de reforma.
Enquanto silenciosamente caminhava, vi um
esquilo assustado que atravessou a rua a poucos metros na minha frente e à
tarde vi outro perto do tanque onde pescava.
Ao passar em frente à chácara que pertenceu a mim e meu irmão, vi com tristeza que estava bem abandonada. O mato tomou conta de quase tudo. Onde plantamos 400 fruteiras enxertadas, existem apenas algumas perdidas no meio das capoeiras.
Conforme informações do rapaz que cuida da mesma, no mais tardar em um ano até a pequena casa será tirada para a ampliação da exploração do saibro e como pude verificar, o terreno onde fica a saibreira já está uma verdadeira cratera.
Lembrei-me com carinho de tantos momentos felizes que passei em minha ex-chácara e também da chácara ao lado que tinha um vasto campo, pomar, horta e muitos pinheiros e tinha também uma pequena nascente de água cristalina que saia diretamente da rocha.
Agora tanto a chácara vizinha, quanto a que era nossa, fazem parte daquela exploração desenfreada. Infelizmente o homem quer aproveitar o máximo dos recursos naturais; agridem a natureza, mas inevitavelmente tanto eles como os animais sofrem e sofrerão mais acentuadamente as consequências.
Em Isaías 24:4 e 5 está escrito: “A terra pranteia e se murcha, o mundo
enfraquece e se murcha... a terra está contaminada por causa de seus moradores,
porquanto transgridem as leis, violam os estatutos e quebram a aliança eterna.”
E em Apocalipse 11:18 - “ ... O Senhor
destruirá os que destroem a terra.”
Chegando à chácara do vizinho da frente, o filho caçula me atendeu e me levou
até sua mãe que estava aos fundos, junto com outros três trabalhadores,
colhendo cebolinha verde para a industrialização.
Conversei um pouco com ela e falei que pretendia passar o dia ali e pedi permissão para pescar.
No caminho ajuntei umas 20 latas de alumínio, que estavam jogadas na rua e entreguei para o menino para que fossem vendidas e ele lembrou-se de que na outra vez lhe entreguei 70, quando fui a pé desde a Colônia Faxina.
Ele foi bem atencioso comigo; emprestou-me duas varas prontas, arrumou massinha e até mostrou-me em que tanque era melhor para pescar. Dedicou-me tanta atenção, que até esqueceu-se das panelas na cozinha; pois ele era o responsável por preparar o almoço. Em consequência, queimou o arroz e o bife que estava na frigideira praticamente virou carvão.
Notei naquela família a diferença entre as crianças e jovens da cidade
e da zona rural.
Os da cidade são praticamente mais acomodados e dependentes. Os da zona rural em seu dia-a-dia são bem mais preparados para enfrentar os desafios da vida.
Citando por exemplo esse menino. Com apenas 11 anos gradeia a terra com o trator, e apesar de suas pernas quase não alcançar os pedais, ele anda de moto, vai buscar os trabalhadores em outra colônia próxima de carro e já dirigiu até caminhão. No almoço preparou; feijão com torresmo, macarrão, arroz (queimado rsrsrsrs), bife e salada de pepino e tomate.
Ao entardecer, após voltar das aulas levou no reboque do trator a colheita do dia, para um barracão em outra chácara longe, voltando quando já era noite.
Seu irmão de 14 e sua irmã de 16 já trabalham fora, não dependendo mais de seus pais para o pagamento de suas despesas pessoais.
Na hora do almoço chegou o pai dele que agora é motorista em outra saibreira e eu almocei com eles, mas conversamos apenas um pouco, pois ele logo voltou para trabalhar no turno da tarde.
Pesquei e trouxe para casa aproximadamente um quilo e meio de tilápias, mas o mais benéfico foi a descontração de passar um dia tranquilo junto a natureza.
As 19h10m embarquei no ônibus e voltei para minha casa.
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