sábado, 5 de julho de 2014

Albarroado - História

Em uma tarde, quando já cansado trazia a última carga de “terra” do rio Belém para aterrar um terreno perto da Praça dos Menonitas, em uma rua quase sem movimento, eu notei que um gol saiu da frente de um bar e veio em zigue-zague e em alta velocidade em minha direção.

Pensei; Talvez o motorista assustou-se quando viu o caminhão e instintivamente parei. Só que o motorista do gol não teve a mesma ideia e entrou debaixo do caminhão.

O motorista saiu do gol e veio diretamente pra cima de mim,  dizendo que eu era o culpado. Ele era um policial entroncado de quase dois metros de altura, mas na ocasião estava à paisana.

Notei que ele estava embriagado e vi que não teria como efetuar um acordo, então pedi para que o pessoal do escritório da frente, chamassem os patrulheiros do Detran.

Chegando os patrulheiros, viram que não tinham como controlar o policial, e sendo ele de outro batalhão, chamaram seu superior que lhe deu voz de prisão. Mas ele o desacatou e em brados começou xingar a todos do destacamento. Foi uma batida simples, mas devido ao rebu, estava lotado de curiosos.

Foram necessários três policiais para imobilizá-lo, sendo que quando o colocaram no banco traseiro da viatura, ele começou a dar chutes e além de entortar a porta quebrou o vidro da mesma.

Logo depois chegaram mais policiais, agora do batalhão em que o motorista estava engajado e conversando com o tenente do DETRAN, solicitaram que o colega fosse levado sem algemas.

Eu e mais um rapaz que os policiais pegaram como testemunhas, tivemos que acompanhá-los até o quartel para os devidos procedimentos, sendo que o comandante deixou o policial preso naquela noite, ao mesmo tempo conclamou-o para uma conversa séria no dia seguinte.

No sábado seguinte quando eu me preparava para ir à igreja, ouvi um brado no portão chamando pelo meu nome.  Era o policial que veio pedir para que o ajudasse a pagar a taxa para tirar seu carro que foi encaminhado para o pátio do DETRAN.  Respondi que de maneira nenhuma, pois devido à batida sem eu ter condições, tive que emprestar dinheiro para o conserto do caminhão que foi de R$ 600,00.

Após, o policial disse-me que era para ele ser expulso da corporação, mas sua mãe e esposa que são evangélicas foram implorar para o comandante que também é evangélico e esse lhe deu a segunda chance.


Dei-lhes vários folhetos e estudos bíblicos para que levasse para casa e disse-lhe que quando completasse estaria sem dívidas para comigo.

Nunca mais vi o policial; mas doía-me “não a alma, mas o estômago” quando na beira do rio às vezes sem almoço, pensava que com o dinheiro gasto no conserto do caminhão poderia comprar até 50 marmitex. 

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