O Sr.
João, patrão de nosso pai levou-nos até a ferroviária em um jipe
candango. Para as crianças era novidade, pois nunca tínhamos visto um
trem.
Em Morretes ficamos em um hotel no centro da cidade
que pertencia à nossa tia. Lembro-me que no almoço não quis comer peixe porque
quem o preparou, não tirou a cabeça do mesmo e assim “literalmente com o
olho de peixe morto” ele olhava para mim.
Dormimos em um quarto no sótão que tinha duas
camas. Eu e meu irmão dormirmos em uma e nossa irmã em outra. Da janela dava
para ver um pequeno regato que atravessava o terreno onde estava localizado o
hotel.
Passamos uns três dias em Morretes e Paranaguá.
Essa foi
a primeira vez que me lembro de ter andado de ônibus e de comer pipocas.
Nessa igreja foi que cursei o 1º ano primário,
sendo que os membros da igreja eram uma turma muito animada e unida.
O primeiro pic-nic foi em uma chácara da
região. Lembro-me que tinha um lindo bosque e um poço onde a água era
tirada com um balde, que era puxado com
uma corda pela manivela.
Lembro-me do ônibus que nos levou foi um monobloco,
que era o chodó da época.
Chegando lá, a primeira coisa que fizemos foi
almoçar em cima de uma pedra. Saboreamos os pastéis e canudinhos feitos
por nossa mãe com muito carinho.
Após fomos
até a lagoa dourada, furnas e por fim
paramos no rio dos papagaios.
Ps. A família cresceu consideravelmente. Atualmente
são 13 filhos.
Em muitos dias não o víamos, pois ele saía bem cedo
para trabalhar e ficava até mais tarde, chegando em casa quando já estávamos
dormindo.
Certa manhã quando acordamos, vimos que o caixão de
lenha estava repleto de papéis para ser queimados, pois era lixo do escritório.
As crianças começaram a fuçar para pegar papel para
desenhar, brincar de dinheirinho, fazer barquinho, aviãozinho, balão, etc.
A Lóide, minha irmã mais nova achou uma bolinha de
búlico e pedi para ela. Como ela não quis me entregar, falei um palavrão. Ela
contou para o pai e esse me deu uma tremenda surra de cinta.
Hoje em dia, não se pode nem encostar a mão nos
filhos, mas damos graças ao bom Deus pela educação recebida de nossos pais;
pois faço parte de uma família de 13 irmãos, e nessa ninguém bebe, fuma ou
envolveu-se em qualquer atividade contra a moral e bons costumes, que possa
envergonhar seus pais.
Está certo que um é mais feio que o outro, mas
graças a Deus estão todos vivos e isto é o que importa.
O sábio Salomão que foi um dos homens mais
inteligente que viveu sobre a terra escreveu:
“Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.” Provérbios 22:6
“E inspirado por Deus escreveu também: Não retires a disciplina da criança;
pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá.” Provérbios 23:13
Só que ela deixou cozinhando alguma coisa no fogão
e nós, os dois “cabeças de vento” fomos
brincar com fogo.
Pegamos com
colher brasas do fogão e jogamos para o teto e gritamos: “Foguetes de São João”, enquanto a irmã mais nova pedia: “Joga mais, queio ve esteinhas” e continuamos
jogando.
A casa era toda de madeira, inclusive o forro e o soalho.
Quando nossa mãe chegou em casa, levou um tremendo
susto quando viu fumaça saindo pelas janelas.
Rapidamente ela entrou, pegou um balde e jogou água
nas brasas pelo chão e principalmente na cama, onde o colchão que era de palha
e o seu casaco estavam em brasas vivas, mas por um milagre ainda não havia pegado
fogo.
Em um pequeno berço ao lado da cama, dormia o
caçula da época com um ano de idade. Na
cama, na parede e no assoalho ficaram as marcas de queimados de brasas.
Se pegasse fogo na casa iria queimar também a casa
do patrão de nosso pai, pois era uma casa grande de madeira na frente do
terreno. Nós morávamos na casa menor aos fundos.
Nós íamos sozinhos para as aulas, mas nossos pais
sempre nos advertiam; para que olhássemos bem antes de atravessar a rua, não falássemos
com estranhos e não aceitássemos carona.
O irmão mais velho de nove anos teria que cuidar
dos dois menores.
Certo dia ao chegarmos na escola, verificamos que a professora ainda não havia chegado.
Então fomos esperá-la no ponto do ônibus.
Quando esse chegou, ela não veio nele e o Samuel que
era para cuidar dos dois menores, atravessou correndo por trás do ônibus,
seguidos de perto pela Abigail e o por mim.
Como a rua era de saibro, lembro-me que ouvi um
grito e vi aumentar a poeira quando o carro (um citroen antigo) atropelou minha
irmã.
O motorista evadiu-se do local e ela foi socorrida
por populares que a colocaram em uma ambulância que providencialmente passava
pelo local.
Eu não queria entrar na ambulância, porque nosso
pai nos havia advertido para não pegar carona com ninguém.
Era uma forma de ganhar a simpatia do eleitor
através dos filhos.
Ganhei um trenzinho de ferro e esse foi o primeiro
brinquedo que tenho lembrança de ter ganhado na infância.
Aos seis anos eu brincava com um jipe emprestado do
Adalberto que era um vizinho de melhores condições.
Devido ao fato da casa em que morávamos era cedida
e estava situada aos fundos da casa do patrão de nosso pai, eu descia montado
em um jipinho em um pequeno carreiro no terreno ao lado; mas a esposa do patrão
já me cortou o barato... ela foi até a janela e bradou: “Não faça barulho porque o
Arnoldinho está dormindo!”
No jipe faltava o volante, então eu controlava o
pequeno veículo pelas rodas dianteiras.
Certo dia ao passarmos perto do Centro Politécnico,
voltamos assustados, pois havia vários homens fazendo a manutenção na rodovia;
o asfalto estava mole e tinha um caminhão que estava com fogo na parte traseira
do tanque.
Hoje em
dia, sabemos que isto é um procedimento normal, pois é para esquentar o piche,
mas na ocasião voltamos correndo e só fomos para a escola porque nossa mãe nos
levou até passar pelo caminhão.
ESCOLA
CRISTÃ DE FÉRIAS – Nessa
escola havia apenas um professor ou professora que dava aulas para uns vinte
alunos, sendo de várias séries; desde o 1º até o 4º ano primário.
A sala de aula era nos bancos da nave da igreja e
nas férias, juntavam-se mais algumas professoras e em uma semana contavam
histórias, faziam concursos e davam pequenas atividades para os alunos e no
final da semana faziam uma pequena festa com sucos, bolos e até bexigas e
entregavam para os alunos as atividades efetuadas durante a semana.
Empolguei-me
tanto com a brincadeira que o lancei um pouco mais alto e no que desceu,
escorregou de minha mão e em pedaços ficou no chão, deixando-me desapontado comigo
mesmo.
Tremendo de medo esperamos um pouco, mas como o
diretor se demorava, como quem não quer nada, vagarosamente fomos para casa e
felizmente acabou ficando por isso mesmo.
Certo dia, ele viu um bilhete da professora no meu caderno,
que eu precisava estudar a tabuada do seis, do sete, do oito e do nove.
Apesar de o pai estar cansado, me acordou e não
dormiu enquanto não decorei as referidas tabuadas.
Naquela noite fiquei “muito contente” com
aquele bilhete da professora.
Só que muitas vezes nós crianças, principalmente na
casa da tia Elzira, e do tio Deco, olhando a mesa farta esquecíamos as
recomendações e após comermos uma fatia de bolo ou pão com manteiga, repetíamos
a dose.
Inesperadamente sentíamos um impacto na canela e olhávamos
para nosso pai que nos encarava sério e ficávamos apreensivos, pois em casa a
conversa seria mais de perto.
A irmã Lóide, lembra-se de uma ocasião quando ela
foi com o pai na casa da dona Iracema, onde ele estudava a bíblia com a
família.
Na hora do lanche à tarde, ocasião em que ela
estava sentada no outro lado da mesa perto da dona da casa, por baixo da mesa o
seu pai foi dar-lhe um corretivo e acertou a canela da dona da casa. Essa
espantada deu um sobressalto e o Sr. Wilson com cara de tacho, teve que pedir
desculpas e ao mesmo tempo explicar o motivo do “chute carinhoso”.
Não demorou muito, pegaram o pastel, mas não foi
nem uma das crianças e sim o Sr. Schultz que era seu padrasto.
O coitado do idoso ficou em silêncio, mas de seus
olhos azuis desceram enormes lágrimas de crocodilo.
Nossa mãe cozinhou uns milhos verdes e serviu para
ele e para a sua esposa.
Só que enquanto eles comiam na cozinha, eu no
quarto imitei um cavalo e ele zangado foi até lá e pegou-me pelo pescoço.
Meu pai foi quem me acudiu, mas o tio nem deixou a
esposa terminar de comer o milho. Foram embora na mesma hora, afirmando que os
filhos deles respeitavam os mais velhos, pois tinham educação.
Depois que saíram levei os merecidos
petelecos.
Os alemães cercaram com arame farpado desde a Vila
Rex até a Madeireira Dal Pai e todas as manhãs, traziam dezenas de vacas e à
tarde levavam novamente para os currais.
Certo dia, uma delas deu cria bem perto da casa em
que morávamos. Só que o bezerro nasceu morto, mas ela não queria abandoná-lo e
afugentava os corvos que chegavam perto.
À tardinha quando o rapaz que conduzia a manada
veio buscá-las, teve que laçar a vaca e puxá-la à força.
Quando o rebanho já havia se distanciado uns 200
metros, as crianças foram ver o bezerro morto, mas a vaca livrou-se do condutor
e voltou em disparada. Era só peão correndo para todo lado e quase se
enroscaram na cerca de arame. É isso que
dá ser curioso.
Em outra ocasião, algumas vacas pastavam bem perto da casa, quando resolvemos tirar leite de uma delas. Sobrou para o Samuel que é o irmão mais velho. Na hora em que ele foi tentar tirar leite e se aproximou dela com um caneco, essa lhe deu um coice jogando o caneco longe.
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